Primeira Leitura
Livro do Eclesiástico 35,15b-17.20-22a
(gr. 12-14.16-18)
Deus escuta a oração do humilde. A humildade é condição
fundamental para a oração bem feita.
A leitura é tirada do corpo do livro de Ben Sira (2 – 43),
uma longa amálgama de conselhos morais e sábias sentenças. Neste trecho, ao
mesmo tempo que se fala das boas disposições de Deus para quem o invoca, também
põe em evidência as condições de uma boa oração: confiança, perseverança e
humildade: «A oração do humilde atravessa as nuvens» (v. 21).
Segunda Leitura
2ª Carta de São Paulo a Timóteo
4,6-8.16-18
S. Paulo escreve a Timóteo e lembra que a sua vida, que está
chegar ao fim, a ofereceu toda ao Senhor, trabalhando para que a mensagem do
Evangelho chegasse a toda a parte.
O Senhor dará o prémio da vida eterna a ele e a todos os que
esperam com amor a Sua vinda.
Temos hoje a parte final da 2ª Carta enviada a Timóteo desde
um calabouço em Roma, onde aguardava o seu iminente martírio, no termo do seu
2º cativeiro romano.
6 «Eu já estou oferecido em libação», isto é, «estou a
chegar ao momento de derramar o meu sangue em sacrifício». A expressão deve
entender-se à luz do costume pagão de fazer libações (sacrifícios que
consistiam no derramamento ritual de líquidos em honra da divindade), por
ocasião da morte de alguém. Com esta maneira de falar, S. Paulo quer dizer que
já chegou a hora da sua morte. Pode significar também que a sua morte violenta
– com derramamento de sangue por Cristo e em união com Ele – tem um certo
carácter sacrificial, por se tratar de uma imolação em honra de Deus.
«O tempo da minha partida (à letra: o desprender das
amarras, isto é, a morte) está iminente». Estamos seguramente no ano 67, ano do
martírio do Apóstolo.
7-8 «Combate… carreira… coroa…»: mais uma vez aparece a bela
maneira paulina de apresentar a vida cristã como um desporto sobrenatural,
através das imagens duma luta, duma corrida e da coroa a ser atribuída por um
árbitro; este é Deus, que contempla a competição e atribui o prémio. Era
costume honrar os vencedores dos certames com coroas tecidas de agulhas de
pinheiros, ou de folhas de louro ou oliveira; a coroa também podia, como hoje,
pertencer às honras fúnebres. Esta imagem da coroa já designava então a vida
eterna na bem-aventurança do Céu, como prémio de uma vida santa; é dita uma
«coroa de justiça», por ser atribuída a quem praticou a justiça, ou obras
justas, isto é, de acordo com a vontade de Deus. Mas a ideia de retribuição
devida aos méritos também fica patente no texto, pois o prémio é dado por
aquele que é o «justo juiz»: Deus remunerador, perante quem todos teremos de
prestar contas, «naquele dia», o da «sua vinda», à letra, o da a sua
manifestação(epifáneia); «com efeito, todos havemos de comparecer perante o
tribunal de Cristo, a fim de que cada um receba conforme aquilo que fez de bem
ou de mal, enquanto estava no corpo» (2 Cor 5, 10).
17 «E todos as nações a ouvissem». Esta tradução não é a
seguida habitualmente pelos comentadores, pois não parece que haja aqui uma
referência à pregação da «mensagem do Evangelho» (o texto original fala simplesmente
de pregação, sem mais: kerygma); parece referir-se antes a um testemunho dado
provavelmente no julgamento público, ouvido «por todos os gentios» (e não por
«todas as nações», como diz a atual tradução bíblica revista). Tratar-se-ia de
um testemunho de tal modo convincente, que levou ao adiamento da sentença: e eu
fui libertado da boca do leão, isto é, da morte (cf.Salm 21 (22), 22).
Evangelho
Evangelho: de Jesus Cristo segundo Lucas
18,9-14
A parábola do fariseu e do publicano, exclusiva de Lucas, é
uma forma de Jesus ensinar a humildade, a atitude fundamental com que o homem
tem de se apresentar diante de Deus para ser atendido.
11 «Meu Deus, dou-Vos graças». Temos um exemplo da «oração dos
hipócritas» (Mt 6,5). O que o fariseu faz não é propriamente rezar, mas
gabar-se; não dialoga com Deus, fala consigo. Ele também tem pecados, mas a sua
soberba não o deixa ter a hombridade de os reconhecer. Para ele, os maus são os
outros, com quem se compara – «não sou como este publicano» –; sente-se com
autoridade para julgar, e condena os outros. Apoia-se nas suas pretensas boas
obras e, ao não se apoiar na misericórdia de Deus, sai do templo em pecado.
Justifica-se a si mesmo e sai por justificar, pois só Deus pode tornar o homem
justo. Ele agradece a Deus, mas, no fundo, o que ele pensa é que Deus é quem
lhe deve estar agradecido!
14 Pelo contrário, a oração humilde do pecador, que
reconhece sinceramente as suas culpas e se arrepende, comove o coração de Deus:
«Eu vos digo que este desceu justificado para sua casa». A doutrina que S.
Paulo havia de desenvolver sobre a justificação pela fé e não pelas obras vai
na linha do ensino desta parábola.
Sugestões para reflexão
1) Tende compaixão de mim
Jesus apresenta-nos o exemplo do publicano, considerado
pecador, como exemplo de oração humilde que Deus não deixa de escutar. Podemos
facilmente cair na situação do fariseu orgulhoso, que vai ao templo para se
gabar diante de Deus, desprezando os outros. Quando alguém está cheio de si
mesmo não pode abrir-se à graça.
Isto pode acontecer na oração e também na confissão. Podemos
chegar junto do sacerdote e apresentar as coisas boas que fazemos e acusar os
pecados dos outros. Assim fechamo-nos à graça e ao perdão de Deus. Saibamos
examinar-nos com sinceridade, chamando os bois pelo nome e reparando nas faltas
que nos parecem pequenas mas que ofendem a Deus.
Devemos sempre começar dizendo: padre, acuso-me disto e
disto… Não nos desculpemos. Saibamos bater no peito como o publicano e
receberemos o perdão do Senhor e encontraremos a alegria que Deus quer dar aos
humildes.
«Deus resiste aos soberbos e dá a sua graça aos humildes» (1
Ped 5,5) – diz-nos a Sagrada Escritura. Hoje que o orgulho e a vaidade imperam
por toda a parte precisamos de cultivar com mais empenho a humildade. Santa
Teresa de Ávila dizia que a humildade é a verdade. Se alguma coisa temos de bom
foi Deus que no-lo deu. Temos de lho agradecer. De nosso temos apenas os
pecados. Havemos de os reconhecer e pedir perdão ao Senhor, que nos perdoa e
nos limpa e nos enche da Sua graça.
2) Combati o bom combate
S. Paulo, nos finais da vida, em Roma, escreve a seu
discípulo Timóteo consciente de que a sua carreira estava a chegar ao fim. Não
o assustava a morte nem o martírio que se aproximava. E pode exclamar: «Combati
o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé».
Toda a vida, após a conversão, foi gasta ao serviço de
Cristo, espalhando por toda a parte a Sua doutrina, sem se poupar a sacrifícios,
sem medo das perseguições.
Também nós temos o nosso combate na vida de cada dia. Em
primeiro lugar dentro da nossa alma. Procurando cumprir fielmente a vontade de
Deus, lutando contra os nossos defeitos, acudindo às fontes da graça, cuidando os
tempos de oração, recorrendo ao sacramento da penitência com assiduidade,
preparando bem o nosso encontro com Cristo na Eucaristia. É a ascese cristã, a
luta diária pela santidade, o único negócio que vale a pena e que não podemos
descuidar, sob pena de termos fracassado em nossa vida.
João Paulo II lembrava, ao começar o terceiro milénio, que a
meta para todos os cristãos é a santidade. O mesmo tem repetido o Santo Padre
Bento XVI. Por exemplo em Fátima em Maio passado.
A Igreja celebrou há dias a festa de santa Teresa do Menino
Jesus. No livro História de uma alma fala do seu desejo de santidade e da
consciência da sua pequenez. E descreve a sua descoberta: «Não vai Deus
inspirar desejos impossíveis de realizar. Apesar da minha pequenez, nada me impede
de aspirar à santidade: Não posso progredir? Terei paciência para me ir
suportando como sou, com as minhas imperfeições sem conto. Mas hei de buscar
meio de chegar ao céu por algum caminho bem direito, bem curto, por uma
sendazinha inteiramente nova».
E Teresa descobre aquilo que chamou o seu ascensor divino:
fazer-se pequena nos braços de Jesus. «O ascensor em que ei de subir ao céu são
os vossos braços, ó meu Jesus! Para isso não preciso crescer; pelo contrário,
tenho que ser pequenina, tornar-me cada vez mais pequenina» (História de uma
alma, Porto 1952, p168).
Podemos amar a Deus apesar de sermos pequenos, se pomos amor
nas coisas insignificantes de cada dia. É o amor que dá valor a tudo o que
fazemos. Se na Igreja há muitas funções, muitas vocações a jovem carmelita
gostaria de no Corpo Místico o coração, crescendo sempre mais no amor e
desempenhando assim todas as vocações (Ib., p237).
Para sermos santos contamos com a ajuda do Espírito Santo
que Jesus nos enviou no dia do nosso baptismo e depois na confirmação. È Ele
que nos faz santos.
Temos de contar com Ele, deixar-nos modelar por Ele. Para
nos fazer santos conta com a nossa docilidade. O pecado mortal expulsa-O da
nossa alma: o pecado venial estorva a Sua ação em nós. Por isso temos de
converter-nos, tirar os obstáculos à ação do Paráclito. Deus que quer
divinizar-nos. Peçamos ao Divino Santificador que nos dê um horror muito grande
ao pecado mesmo venial. Ele é a única desgraça que verdadeiramente nos pode
acontecer. Porque nos leva a perder a Deus e a rejeitar o Seu amor e a Sua
salvação.
A luta pela santidade anda unida ao apostolado. O Senhor
enviou os Doze por todo o mundo a espalhar a Boa Nova. Enviou a Paulo depois de
convertido e a tantos outros que foram colaboradores dos Apóstolos e seus
sucessores. Mas envia também todos os Seus discípulos a espalhar a mensagem de
salvação entre aqueles que os rodeiam. Assim fizeram os primeiros cristãos,
como nos relata o Livro dos Atos dos Apóstolos. O cristianismo espalhou-se
rapidamente pelo Império Romano. Apesar das perseguições e apesar do ambiente
de podridão que reinava em muitas cidades romanas.
O exemplo daqueles homens e mulheres que levavam uma vida
limpa, que amavam até os seus inimigos, que iam para o martírio a cantar com
alegria impressionava os que os viam e a sua palavra corajosa e cheia de
entusiasmo ia dando a conhecer Jesus e conquistava para Ele novos seguidores.
Temos de imitar esses irmãos nossos e transformar o mundo
para Cristo. Este mundo tantas vezes apodrecido nos vícios, que não satisfazem
o coração humano.
Que todos nós saibamos combater o bom combate e guardar a
fé, tesouro maravilhoso que o Senhor nos confiou e que temos obrigação de
comunicar aos outros.
3) A coroa da justiça
O cristão sabe que vale a pena. Está-nos reservada a coroa
da justiça, o prémio da santidade, que Deus quer dar a todos os que tiverem
esperado com amor a Sua vinda. Espera-nos a felicidade do Céu se somos fiéis. E
encontraremos a alegria já na terra, mesmo em meio das dificuldades e dores.
Santa Teresinha do Menino Jesus morreu com uma tuberculose,
que na época era muito difícil de curar. E sofreu com alegria as muitas dores
que acompanharam os seus últimos anos. Conta ela na História duma alma que na
Quinta feira Santa, pouco tempo antes de morrer, estivera em adoração à
Santíssima Eucaristia até à meia noite. Ao deitar-se veio-lhe à boca uma
golfada de sangue. Dormiu tranquilamente mas repetiu-se na noite seguinte.
Teresa dá conta da gravidade da doença e da proximidade da morte. Fica cheia de
alegria interior. É o esposo divino que bate à sua porta a chamá-la para Ele.
«Era nessa conjuntura tão viva e tão clara a minha fé que o
pensamento do Céu me inebriava de contentamento» (Ib.p172).
Dentro de dias a Igreja convida a contemplar a multidão
incontável dos nossos irmãos que já alcançaram a glória do Céu. Eles animam-nos
com o seu exemplo, apoiam-nos com a sua intercessão. E dizem-nos que o único
que vale a pena é amar a Deus, ser santo, combatendo o bom combate da fé e do
amor. Apesar das nossas falhas e derrotas: se lutamos e nos arrependemos com a
humildade do publicano e começamos de novo apoiados na graça de Deus.
Pelo baptismo tornámo-nos filhos de Deus e herdeiros do Céu,
da Sua riqueza infinita. Se vivemos como Seus filhos, já temos a Deus e Sua
riqueza infinita. O Céu começa já na terra.
Um dia acabarão as dores, as penas. Será a felicidade plena
que não termina e que não cansa.
Que a Virgem do Rosário nos anime a olhar para o Céu e
combater cá na terra o bom combate da fé.
Fonte: presbiteros.com.br
Foto retirada da internet
caso seja o autor, por favor, entre em contato para citarmos o credito.
DEIXE SEU PEDIDO DE ORAÇÃO
Fique com Deus e sob a
proteção da Sagrada Família
Ricardo Feitosa e Marta Lúcia
Crendo e ensinando o que crê e ensina a Santa Igreja
Católica
Se
desejar receber nossas atualizações de uma forma rápida e segura, por favor,
faça sua assinatura, é grátis.
Acesse nossa pagina: http://ocristaocatolico.blogspot.com.br/ e cadastre seu e-mail para recebimento automático,
obrigado.
Nenhum comentário :
Postar um comentário
Ajude-nos a melhorar nossa evangelização, deixe seu comentário. Lembre-se, no seu comentário, de usar as palavras orientadas pelo amor cristão.
CATEQUESE CRISTÃ CATÓLICA
"Crendo e ensinando o que crê e ensina a Santa Igreja Católica"