Olhando numa visão real e coletiva da existência humana,
concluímos que cada indivíduo deve auxiliar os outros nos seus momentos de
fraqueza e desânimo. A bíblia dá sustentação para isso, quando diz: “Não fecheis
o coração” (Sl 94,8). Nenhuma pessoa deve viver como uma ilha, introspectiva e
despreocupada com os demais. O sentido pleno da vida é marcado pela convivência
fraterna.
É justamente nessa dimensão que falamos de correção
fraterna, da capacidade de superar “picuinhas”, desentendimentos e hermetismos,
no sentido de fechamento no próprio mundo. As pessoas errados precisam ser
advertidas de seus atos irresponsáveis e não simplesmente condenadas
sumariamente. Torna-se um ato bonito de responsabilidade de uns para com os
outros.
A correção fraterna de uma má conduta é um fato delicado,
porque pode causar constrangimento diante da comunidade de quem é corrigido,
mas deve estar fundamentada no respeito e no amor. O erro consciente, daqueles
que se presam como pessoas, perturba a mente humana e fragiliza a dignidade do
indivíduo. Continuar no erro significa desatenção para com aquilo que realiza a
vida pessoal.
Existe limite na correção fraterna. Em determinados atos, os
recursos de correção passam para a área judicial. É por isso que estamos
assistindo o vexame de muitas de nossas autoridades. Os rombos são muito
grandes e a capacidade de conversão é impedida pelo deus dinheiro. A melhor
correção seria a devolução do que foi desviado, mas poucas vezes isso acontece
de forma satisfatória.
Quem ama faz de tudo para não praticar o mal e corrige-se de
seus maus atos com muita facilidade. A fraternidade é divina e precisa estar
acima dos interesses egoístas, daqueles que prejudicam a vida das outras
pessoas. Nisso está centrada a mensagem cristã e os ensinamentos de Jesus
Cristo contidos nos Evangelhos, que vê o outro como irmão e não como perigo e
ameaça de vida.
Podemos dizer que a correção fraterna tem uma dimensão de
fé. O verdadeiro amor, que é base para a mudança de vida, é fortalecido pelo
encontro pessoal com Deus, em Jesus Cristo. Dele recebemos a força sobrenatural
para a correção e tomar um itinerário mais fraterno e construtor de dignidade.
Isso atinge os critérios da consciência e da responsabilidade na execução dos
atos diários.
Dom
Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba
Fonte: CNBB
Foto retirada da internet
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